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Sem remédios em postos há meses, população de Fortaleza fica sem tratamentos para hipertensão, diabetes e dor

Em algumas unidades de saúde, também falta papel para imprimir receitas e agulhas para exames

Publicada em 03/04/25 às 10:44h

por Diário do Nordeste


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 (Foto: Thiago Gadelha)
crise na saúde pública de Fortaleza, agravada por falta de insumos e de profissionais no final de 2024, ainda está atingindo a população do município que depende do Sistema Único de Saúde (SUS). Diversos relatos feitos por fortalezenses apontam a falta de medicamentos básicos há meses em vários postos de saúde da Capital.

A situação é tão precária que medicamentos básicos como aqueles voltados para dores, diabetes, hipertensão, dentre muitos outros, estão em falta nas unidades do Ceará. Na lista estão remédios como glifage, dipirona, gliclazida, sinvastatina, enalapril, ibuprofeno, carvedilole até insulina. Também falta papel para imprimir receitas e agulhas para exames. 

A secretária da Saúde do município, Socorro Martins, afirmou, no último dia 13 de março, que cerca de 90% dos estoques da atenção primária estariam reabastecidos até o final do mês. Porém, na última segunda-feira (31), uma equipe do Diário do Nordeste percorreu quatro postos de saúde de Fortaleza para conferir o relato de usuários das unidades.

Em todos os locais, houve reclamação sobre a falta de pelo menos um remédio, de dipirona a medicamentos de uso contínuo. No Posto Pedro Sampaio, localizado no Conjunto Palmeiras, os relatos dão conta, sobretudo, da falta de gliclazida, utilizada no tratamento de diabetes, e insulina.

A dona de casa Cláudia Regina de Sousa Noronha, de 64 anos, mora na mesma rua da unidade e é atendida no local há vários anos. Ela faz acompanhamento da diabetes e relata a falta da gliclazida. “Há duas semanas não está disponível”, diz.

Além deste remédio, ela precisa receber sinvastatina e glifage. O último, segundo Cláudia Regina, nem sempre está disponível no posto, mas ela consegue pegar na farmácia popular, programa do Governo Federal que complementa a disponibilização de medicamentos utilizados na atenção primária à saúde em parceria com a rede privada. “Vim na quinta-feira aqui (ao posto) pegar e a farmácia estava vazia”, completa.

Fátima Jerônimo Lima, dona de casa de 69 anos, é atendida na mesma unidade e reitera as queixas. Ela acrescenta que tem diabetes e precisa fazer uso de insulina, mas “há três semanas não tem recebido a medicação no posto, pois não há no estoque”. “Tem gente que pode comprar, mas tem gente que não consegue. Não tem dinheiro. Eu só não tomo remédio da pressão, mas o resto tudo eu preciso. Aí fica muito difícil”, completa.

Dívida e falta de planejamento

O desabastecimento nos postos de saúde foi discutido na 284ª Reunião Ordinária do Conselho Municipal de Saúde de Fortaleza (CMSF), no dia 11 de março. Na ocasião, uma integrante solicitou que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) fizesse uma nota sobre a situação, explicando à comunidade quando seria feita a reposição dos remédios.

Em resposta, a titular da SMS, Socorro Martins, afirmou que a possibilidade de a Pasta ser “mais clara” sobre o assunto já havia sido discutida e que a previsão era que todas as medicações fossem repostas por volta do dia 25 de março. Ela ainda informou que os pedidos para os meses de janeiro e fevereiro deveriam ter sido feitos ainda em 2024, durante a gestão do ex-prefeito José Sarto (PDT), devido à programação das indústrias fornecedoras.

“Quando foram fazer os pedidos, boa parte das empresas ainda estavam de licença, não estava recebendo, e uma parte que poderia receber deu um prazo de 45 dias para entregar a medicação”, afirmou. A gestora também citou dívidas com fornecedores que foram herdadas da gestão municipal passada.

Dois dias depois, foi feita uma entrevista coletiva, e Socorro Martins abordou esses dois aspectos. De acordo com a SMS, o débito era de R$ 36 milhões e que R$ 17 milhões já foram pagos para regularizar o abastecimento.

“Se não havia dinheiro e não houve planejamento para responder às demandas de janeiro, fevereiro e março, ficava claro que iam faltar remédios, porque a programação de medicamentos no nosso País deve se dar em novembro e dezembro do ano anterior, acompanhando o funcionamento da indústria farmacêutica”, afirmou a secretária, na coletiva.

Na última segunda-feira (31), o Diário do Nordeste enviou alguns questionamentos à Secretaria Municipal de Saúde. Foi perguntado:

  • Se a atual gestão tem enfrentado alguma dificuldade para garantir o fornecimento de medicação e, em caso afirmativo, quais;
  • O que faz com que as queixas sobre o acesso a remédios sejam tão recorrentes nas unidades;
  • Se houve problemas no fornecimento de insulina, cuja distribuição é de responsabilidade do Governo Federal;
  • Se a opção de consultar disponibilidade de medicamentos nos postos de saúde, disponível no aplicativo Mais Saúde Fortaleza, é utilizado;
  • Se há alguma proposta de melhorias na logística de distribuição dos medicamentos;
  • Se a atual gestão já detectou gargalos nos fornecimentos, uma vez que também houve queixas sobre a falta de insumos como agulhas e papel para a impressão de exames, e o que tem sido feito em relação a isso.

Por meio da assessoria de imprensa, a SMS respondeu apenas que está realizando o reabastecimento de medicamentos nos postos de saúde da Capital, “iniciando com os itens de maior necessidade da população, garantindo o tratamento adequado de doenças crônicas e agudas”, e citou as questões pontuadas pela secretária Socorro Martins relativas à gestão passada.

“O Município segue empenhado em restabelecer de forma integral os estoques da Central de Abastecimento Farmacêutico de Fortaleza. Somente neste ano, 102 milhões de comprimidos já foram entregues à população”, complementa a nota.

Procurado pelo Diário do Nordeste, o Sindicato dos Médicos do Ceará informou, por meio de nota, que recebeu denúncias sobre desabastecimento no Posto de Saúde Oliveira Pombo, no bairro Panamericano. A entidade informou que está oficiando a SMS para cobrar esclarecimentos sobre a situação das demais unidades e buscar soluções.

“Além disso, o Sindicato encaminhará diretores para realizar visitas a outras unidades e verificar a extensão do problema, reforçando seu compromisso com a garantia de melhores condições de atendimento à população”, complementa o comunicado.

A reportagem também esteve presente no Posto Oliveira Pombo, onde o zelador Adelino Dias, de 61 anos, recebe acompanhamento por causa da diabetes e da hipertensão. “Num tem nada. Eu tomo o enalapril, gliclazida, carvedilol e todos eles estão faltando há cerca de dois meses. Fui lá agora e a moça diz que não tem. Se você não tiver o dinheiro para comprar, como fica?”, questiona o morador do Panamericano.

Com a falta de fornecimento gratuito, é preciso refazer o orçamento para encaixar o custeio da medicação. De acordo com o zelador, a entrega era contínua em 2024, mas entre o final da gestão passada e início da atual, a situação se alterou e o acesso à medicação tornou-se mais difícil. “A última vez que recebi todos os remédios de forma completa foi em 2024”, acrescentou.




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