O cancelamento dos voos da Conecta envolve as cidades de Sobral, Iguatu, Crateús e São Benedito. Apenas Jericoacoara (Cruz) manterá frequências com a subsidiária.
ERRAMOS (Atualização feita no dia 7 de janeiro às 20h47): Na primeira versão deste texto, a Coluna informou que todos os cinco voos da Azul Conecta no Estado haviam sido suspensos. A informação correta, de que foram descontinuados quatro dos cinco voos, foi incluída no texto ainda na noite desta terça-feira (6).
Segundo a Azul, fatores como o aumento “brutal de custos”, a subida forte do dólar e dificuldades com a cadeia de suprimentos aeronáuticos em todo o mundo foram decisivos para a decisão ora tomada.
Os voos da Azul Conecta foram lançados no segundo semestre de 2022 em parceria com o governo do Ceará para o desenvolvimento da aviação regional e interiorização da aviação.
As rotas difundiram a aviação comercial regular por todas as regiões do Estado, enquanto rendia menores alíquotas de ICMS sobre querosene de aviação para a Azul Linhas Aéreas no Ceará.
Ocorre, porém, que as ocupações dos voos, conforme sempre noticiadas, eram baixíssimas, médias menores que 30%.
Os problemas pareceram visíveis quando a Azul informou o fim das operações em Aracati, que tinha as piores ocupações entre todas as cidades atendidas com voos regionais.
Com uma base a menos, não adiantou a Azul incrementar frequências de duas para três semanais, posicionar todos os voos diretos entre Fortaleza e o Interior (São Benedito, Sobral, Iguatu, Crateús) e ajustar os dias das frequências para segundas, quartas e sextas, dias mais apropriados para quem trabalha: as ocupações continuaram marginais.
As localidades não “compraram” as operações, seja por desconhecimento, por acreditarem ERRONEAMENTE que o Cessna Caravan pode não ser seguro, ou pelos preços serem maiores que os ônibus, quando compradas passagens com pouca antecedência.
Cesar Grandolfo, gerente de Relações Governamentais da Azul, explica que a companhia aérea chegou a ouvir os atores envolvidos do Interior para buscar aumentar a atratividade dos voos e fez ajustes na malha até em Fortaleza para melhorar as conexões para viagens nacionais. Porém, agora com o incremento de custos, a operação se inviabiliza totalmente: “as ocupações mesmo assim eram baixas, o que para o Cessna Caravan (aeronave) de 9 assentos significava operar com um passageiro numa perna e voltar vazio na outra”.
Contudo, a Azul informa que as análises são cíclicas e que por hora "trata-se apenas de suspensão": "num próximo ciclo, poderíamos reavaliar a situação dos voos", disse Grandolfo.
"O estado deu os benefícios, a Azul buscou melhorar o serviço, mas não se tornou algo sustentável, sobretudo com o cenário econômico atual", explicou a Azul.
Por hora, porém, a companhia informa que não haverá descontinuidades da Conecta em voos de estados como Paraíba e Pernambuco, que também não possuem grandes taxas de ocupação, mas eram regularmente maiores que as ocupações no Ceará.
A Coluna conversou também com Vitor Silva, gerente-geral de Malha, Planejamento Estratégico e Alianças da Azul. Segundo ele, já se iniciaram conversas com o novo titular da Secretaria de Turismo do Ceará (Setur/CE), Eduardo Bismarck e pode-se esperar a manutenção de conversas buscando novas oportunidades de voos para o Estado no segundo semestre.